Melancólico Irônico De Leve Lyrics

É maior pressão, não tem emprego, só tem quem pague mal
não faço o curso que quero,/ mas espero/ oportunidade
igual nos consursos que presto,/ curso 20 dias e
querem que ganhe do resto/ que ficou o ano inteiro, se
não passo é porque não presto/ ou não estudei o
suficiente,/ não acertei o coeficiente/ chiam no
ouvido/ porque tenho tido/ aproveiamento merecido/ pra
um doente/ isso só me força a buscar alternativas/ meu
sonho é apunhalado pela realidade que se mantém ativa/
e não posso botá-lo em prática,/ tendo que mudar de
tática/ e não pensar só em rimas e bases, tenho que
dividir com a matemática/ e provas que pôe em cheque
meu conhecimento/ não tenho conta nem cheque/ e me
abano com leque/ sem ter nem discernimento/ tudo isso
pela falta dele, o que me mantém vivo mas para
obtê-lo/ tenho que procurar outros caminhos e arriscar
meu pêlo/ ninguém acredita/ que eu vá conseguir viver
com minha escrita/ faço coisas que me irrita/ pra não
ter que ouvir ideias da idade da Pedrita/ mas tenho
que fazer, igual a policia é corrupta/ resta outra
opção pra quem ganha pouco e vida brinca
ininterruptamente?/ só me resta trabalhar em loja ou
entregar remédio/ de porta em porta de prédio,/ com
gorjeta de velho,/ mó tédio/ é foda, fazer rap é
piada/ é o mesmo que eu não fizesse nada/ e meu tempo
flutuasse na vagabundice danada/ melhor não dizer o
contrário,/ pareco otário/ não consigo gravar, não
tenho dinheiro além de letra dentro do armário/ e
questões de prova em cima da cama pra auxiliar
judiciário/ onde fiz 5 acertei 0, ao invés de
continuar fiz o contrário/ desisti dessa merda/ a
covardia minha cabeça herda/ do meu pai que nega/ 10
conto pra ir na casa da minha mulher que me deserda/
qualquer dia desses porque não tenho 1 puto presente
no bolso/ não tem presente no bolso,/ quieto, nem
reclamo do que ouço/ mas 1 dia vô poder chegar e botar
filé cortado em bife/ sem nem ter que trabalhar 12
horas no natal em loja de grife/ nem ter que mudar
minhas composições/ pra aquisições/ mais pop/ meu
sonho? alcançar o top/ sem deixar de fazer Hip-Hop/ e
chegar nos lugares/ tendo reservado lugares/ pagar o
total/ no final,/ sozinho, respirar outros ares/ tô
cansado de ter que me matar por 200 conto/ comprar
tudo no cartão pra 70 dias e ainda pedir desconto/
repito/ o reflito/ se a solução não estaria no
conflito/ não é a toa que os muleque de joga bola
preferem ganhar a vida no grito/ ou na mão/ a solução/
é escassa/ sinistro/ mermo é ter que trabalhar de
graça,/ aturar desaforo e nego ainda achando graça/
meu tênis tem 1 furo,/ escrevo de dia, tô no escuro/ o
governo gasta,/ raciona pasta/ e quer branco o sorriso
mais puro?/ não tem condição,/ quero comprar roupa/
não/ só ganhar as que não cabem no meu irmão/ e usar o
resto que ele não vê quando toma sopa/ imagina escrito
no meu curriculum vitae/ emprego anterior: MC, o
patrão pega, olha e fala: sai!/ eu poderia me render a
tentação e ser boy/ gastar todo o dinheiro do ônibus em
flipper no centro de Niterói/ mas acabou o flipper do
shopping,/ fora de cogitação/ vou pra Moreira César
entregar minhas fotos/ nas lojas e ver a reação/ dos
gerentes/ que se cansam de ver gente,/ rasgam o papel
e mandam cagar/ porque já fechou as vagas no setor de
RH/ mas continua a maldita plaqueta no canto da
vitrine/ tô tão duro que se fosse chamado posaria
tranquilo na G magazine/ e foda-se todos os patrões
muquiranas/ vô abrir meu próprio negócio/ com meus
sócios/ e falir vocês em semanas/ dando roupa de
graça/ na praça/ que roubei do seu estabelecimento/ e
lutei contra um time de traças/ não existe
perspectiva/ de melhoria/ no dia/ de vagabundo/ já que
não tenho condição de seguir meu sonho,/ sou vagabundo
a__umido/ agora tenho que meter a cara na minha
apostila e ficar sumido/ uns 20 dias eu e a mochila,
quero ver o resultado/ depois resumido/ se eu for
aprovado,/ você vai ouvir outras musicas minhas/ se
não, nunca mais vou encher o saco/ com letras pra zuar
as galinhas/ vo sumir mais rápido/ do que apareci na
cena/ canto minhas músicas sozinho enquanto ajudo o
engenheiro com a trena/ ele me elogia, pergunta se são
minhas as letras que canto/ falo que sim, mas nada
muda, continuo no meu canto/ gravadora quer sucesso
certo,/ 5 garotos em coreografia com macacão da Esso/
com zíper aberto/ e recesso/ de talento por perto/
produtores espertos/ não querem pagar pelos loops/
[entao] usam teclado Yamaha/ e se amarram/ nos
timbres,/ uuuops!/ o bom do rap é que só gasto com
caneta papel eu pego da padaria,/ só gasto palavra e
tempo, porque não gastaria?/ não é impressão, isso é
um desabafo!/ que vem desde os tempos que jogo bafo,/
e continuo reclamando com esse bafo/ não tive tempo de
escovar,/ trabalho pesado no sarrafo/ se achou
demagogia o que falei, não concordo, mas tá safo./

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