I

Veio um pastor lá da serra,
Há minha porta bateu,
Veio me dar por notícia,
Que a minha Lira morreu.

II

O céu se vestiu de luto,
A terra estremeceu,
Tudo isto são sinais,
Que a minha Lira morreu.

III

Morte que mataste Lira,
Mata-me a mim que sou teu,
Mata-me com os mesmos ferros,
Que a minha Lira morreu.

IV

Da vila até à Caldeira,
Foi a Lira procurada,
Dos seus trajes só foi vista,
A sua saia franjada.

V

Frescas águas da vereda,
Da Lira dai-me sinais
Étego, quero beber
Abafar meus fundos ais.

VI

De estaré fiquei a noite
Inté vir um ermitão,
que notícia me trazia
Do fundo e magno vulcão.

VII

Dois entes vejo à porta:
Um, é Lira concerteza
Outro, é o donatário,
Que a salvou e a tem presa.

VIII
Um cajado vou cruzar,
P'la Lira rogo bater,
Mais val'morrer na peleja
Que amor ter para perder.

IX

Ao longe sua voz ouço,
Meu pranto vai acabar,
junto daquela ribeira,
Minha flauta vai tocar.

X

Cantai nobres e senhores,
Minha flauta a__emelhai,
Cantai aves, cantai fontes,
Minha Lira acompanhai.

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